I
- CÂNDIDO, Antônio. Formação da Literatura Brasileira.
Momentos decisivos 1750- 1880. 12 Edição. Comemorativa dos cinquenta anos de
lançamento. FADESP/Ouro sobre azul/ São Paulo/Rio de Janeiro/2009.[1]
II
– REFERENCIAIS SOBRE O AUTOR
Antônio
Cândido de Mello e Souza, 1918-2017 foi um escritor,
crítico literário, sociólogo e professor. Lançada em 1959 sua obra mais
influente e polemica é a Formação da Literatura Brasileira,
na qual, estuda os momentos decisivos do sistema literário brasileiro.
Cândido escreve no capítulo “Traços Gerais”:
O momento decisivo em que as manifestações literárias vão adquirir, no Brasil,
características orgânicas de um sistema é marcado por três correntes principais
de gosto e pensamento: o Neoclassicismo, a Ilustração e o Arcadismo.
III-EXPOSIÇÃO
SINTÉTICA DO CONTEÚDO DO TEXTO
Em
1959 surgiu a obra de Antônio Cândido Formação da Literatura Brasileira
onde o autor elabora cautelosamente os conceitos, os sistemas e também a continuidade
literária. O crítico pretendeu construir na sua mais reverente obra uma relação
entre os escritos e os escritores, que participam ativamente da obra, Cândido
cita as principais obras de produções literárias nacionais e assim formar a
nossa literatura, o que compreendemos hoje como literatura brasileira, graças a
essa obra, podemos ter uma compreensão mais avançada da nossa própria
literatura e assim, poder compreender os próprios literários nacionais que
trazem informações riquíssimas sobre a formação do cãnon literário, procurando
assim, uma forma de desintegrar do modelo arcádico europeu muito ainda presente
aqui.
TEXTO
I- UM INSTRUMENTO DE DESCOBERTA E INTERPRETAÇÃO
PARTE I
“No
Brasil o romance romântico, nas suas produções mais características (em Macedo,
Alencar, Bernardo Guimarães, Franklin Távora, Taunay), elaborou a realidade
graças ao ponto de vista, a posição intelectual e afetiva que norteou todo o
nosso Romantismo, a saber, o nacionalismo literário.” (p.431)
‘’Nacionalismo
na literatura brasileira, constituiu basicamente, como vimos, em escrever
coisas sobre locais; no romance, a consequência imediata e salutar foi a
descrição de lugares, cenas, fatos, costumes do Brasil. É o vínculo que une
o as
Memórias de um Sargento de Milícias
ao Guarani e a Inocência, e significa, por
vezes, menos o impulso espontâneo de descrever a nossa realidade, do que a
intenção programática, a resolução patriótica de fazê-lo.” (p. 431)
COMENTÁRIO:
A
intenção que rege todo esse movimento romancista é a valorização da nossa
própria nação em busca de não somente um novo modelo literário, mas também
entre outros vários aspectos do nacionalismo no geral, o Romantismo surge como
uma espécie de intervenção ao modelo Arcádico, pretendendo assim, uma visão de
realidade que difere totalmente do modelo universalista existente.
TEMAS
E EXPRESSÕES
PARTE II
“O
desenvolvimento do romance brasileiro, de Macedo eJorge Amado , mostra quanto a nossa literatura tem
sido consciente de sua aplicação social e responsabilidade na construção de uma
cultura. Os românticos, em especial, se achavam possuídos, quase todos, de um
senso de missão, um intuito de exprimir a realidade específica de sociedade brasileira. E o fato de não terem produzidos
grandes literaturas (longe disso) mostra como são imprescindíveis a consciência
propriamente artística e a simpatia clarividente do leitor- coisas que não
encontramos senão excepcionalmente no Brasil oitocentista. A vocação pública, o
senso de dever literário não bastam, de vez que o próprio alcance social de uma
obra é decidida pelo sua densidade artística e a receptividade que desperta em
certos meios.” (p. 434)
COMENTÁRIO:
Os
românticos buscavam a todo custo uma espécie de exaltação nacional, e para
isso, precisavam de escritores e leitores empenhados nessa ordem, pois
necessitavam de uma construção não somente literária, mas também em outros
aspectos que valorizasse em todos os sentidos as produções aqui existentes,
criando assim uma identidade nacional capaz de produzir e também de progredir
como uma nação independente.
TEXTO
II- OS PRIMEIROS SINAIS
PARTE III
“No
decênio de 1830, a tradução foi todavia incentivo de primeira ondem, criando no
público o hábito do romance e
despertando interesse dos escritores. É preciso considerar não apenas os
folhetins, mas as traduções em volume, publicadas aqui ou chegadas
abundantemente de Portugal e da França. Os tradutores brasileiros eram muitas
vezes de boa qualidade, como Caetano Lopes de Moura – médico dos exércitos de
Napoleão, cuja biografia escreveu, ou melhor, compilou; que publicou um pouco
de tudo para viver, em Paris, inclusive algo muito útil aos seus patrícios: uma
Arte se curar a si mesmo das doenças venéreas (1839).” (p.440)
COMENTÁRIO:
Como
entendimento dessa passagem, para um bom desempenho literário não contava
somente a produção, mas também com o público para quem estava sendo
direcionadaessas produções e publicações, a vaidade também fazia parte dessa
nova formação, pois, Portugal e França eram pioneiras
nas produções, não só literárias,
como também modelo universalista por
isso era algo “útil aos seus patrícios.”
TEXTO
III- SOB O SIGNO DO FOLHETIM: Teixeira e Souza.
PARTE I
“O culto da
peripécia/ Se procurarmos analisar os elementos da ficção de Teixeira e Souza (
hesito em escrever – a sua arte), talvez
possamos distinguir quatro: peripécia, digressão, crise psíquica,
conclusão moral.”
“A
peripécia não é um acontecimento qualquer, mas aquele cuja ocorrência pesa,
impondo-se aos personagens, influindo decisivamente no seu destino e no curso
de sua narrativa. Ela é pois, em literatura, um acontecimento privilegiado, na
medida em que(já vimos a propósito de Magalhães) é a verdadeira mola do
entrecho, governando tiranicamente o personagem. Nos livros de Teixeira e
Souza, este só se define por meio dela; não passa de elemento na concatenação
dos acontecimentos, que, estes sim, constituem a alma, o esqueleto e o nervo do
livro.” (p.445)
COMENTÁRIO:
As
peripécias faziam parte exclusivamente da literatura nesse contexto de
modificar um corpo literário, não é um acontecimento qualquer, como diz o autor
nessa passagem, pois participa ativamente do enredo narrado, não é apenas mais
um elemento, é um elemento que dispara o movimento da narrativa.
Outros elementos: “O
segundo elemento da ficção de Teixeira e Souza, a que se chamou aqui digressão, consiste nessa sobrevivência
dos romances medievais que é o elemento de histórias secundárias.” (p.447)
COMENTÁRIO:
Diferente
do primeiro elemento, mas também de suma importância literária. Como por
exemplo em Teixeira e Sousa, segundo o autor, são quase sempre os protagonistas
que dão lugar a Digressão, que para ele não seria algo justaposto, mas
essencial a narrativa.
“O
terceiro elemento faz as vezes da análise psicológica, e aparece como violenta crise moral, que acomete a personagem a
certa altura, fazendo-o sentir os seus crimes, medir o seu desespero,
capacitar-se da sua situação em que se está.” (p.447)
COMENTÁRIO:
A
crise moral como já nos dá uma ideia
de entendimento, é o mais fácil de entender, mas talvez o mais difícil de
explicar, principalmente vivenciar. Pois além de intensificar o enredo por causa
das situações que se encontra as personagens, como, desespero, crimes e ao
mesmo tempo capacitar-se diante dessas circunstancias para, como Victor Hugo
chama a Vigília Trágica de Jean Valjean, dilacerado entre deixar condenar o
homem que supõem ser ele próprio ( e assim conquistar a tranquilidade para
sempre) esse é o dilema e ao mesmo tempo a contradição da Crise moral.
TEXTO I- RAÍZES DA CRÍTICA ROMANTICA
PARTE
V
“Ao
descrever os sentimentos e as ideias de um dado período literário elaboramos
frequentemente um ponto de vista que existe mais em nós, segundo a perspectiva
da nossa época dos que nos indivíduos que o interagem. Para contrabalançar a deformação
excessiva deste processo, aliás, inevitável, é conveniente um esforço de
determinar o que eles próprios diziam a respeito; de que modo exprimiam as
ideias que sintetizamos e
interpretamos.” (p.635)
COMENTÁRIO:
Assim
como a literatura nos permite permear e até mesmo diferir daquilo que estamos lendo,
também é valido como nessa passagem termos um ponto de vista propriamente nosso
e que possa ou não interagir com nossa época, mas é fundamental analisarmos com
atenção as ideias expostas pelo fato dos conhecimentos contidos ali, ate porque
a visão deles é tão quanto interessante como a nossa maneira que interpretamos
tudo isso.
“[...]
Daí um persistente exotismo, que eivou a nossa visão de nós mesmos até hoje,
levando-nos a nos encarar como faziam os estrangeiros, propiciando, nas letras,
a exploração do pitoresco no sentido europeu, como se estivéssemos condenados a
exportar produtos tropicais também na cultura espiritual.” (p. 639)
COMENTÁRIO:
Nessa
passagem é muito interessante, pois toca no nosso ponto “fraco” para não dizer,
na nossa maior luta de todos os tempos, pois ainda que aconteceu uma ruptura significativa no meio social, a
literatura entre também outros aspectos muito ficam ainda a desejar, pois o
modelo europeu ainda é muito forte aqui, e não é por causa da falta de beleza
natural, de artes no geral, de produções maravilhosas, de talentos não, como
brasileira, sem querer ser muito patriota, digo
que a nossa nação muito tem a contribuir que de alguma forma o modelo
nacional de qual tanto desejamos fica um pouco ou muito a integrar com o modelo
europeu, pois a nossa independência muito ainda está lá, na dependência
europeia!
TEXTO II- TEORIA DA LITERATURA
BRASILEIRA
PARTE
VI
“A
crítica brasileira do tempo do romantismo é quase toda muito medíocre, girando
em torno das mesmas ideias básicas, segundo os mesmos recursos de expressão.
Não se pode todavia negar-lhe compreensão
do fenômeno que tinha lugar sob
as suas vistas, e cujo sentido geral aprendeu bem, graças as indicações
iniciais dos escritores franceses, embora nem sempre haja percebido os seus
aspectos particulares.” (p.643)
“Provavelmente,
as linhas internas de desenvolvimento não teriam conduzido a nossa literatura
aonde foi depois de 1830; a renovação, dependeuentão, como sempre, do que se
passava em nossas matrizes culturais.” (p.643)
COMENTÁRIO:
Para
chegarmos ate aqui, para conhecemos um pouco bem explicito da formação da
literatura brasileira nessa obra, a crítica é a que mais prevalece nesse sentido
de tentar formar uma literatura nossa, não foi fácil, não por falta de talentos
entre outros aspectos fundamentais, mas por intermédio de modelos
universalistas que estavam ou ainda está impregnado na nossa nação, por isso
essa renovação, essa perspectiva de posse
literária exposta aqui, é muito interessante para nossa formação.
TEXTO
III- CRÍTICA RETÓRICA
PARTE
VII
“O
Romantismo e o Nacionalismo legaram uma grande aversão pela retórica dos
neoclássicos, que pareciam representar o próprio código da escravidão
literária.Aquelas regras constritora,
originadas havia mais de dois mil anos, exprimiam o avesso do espírito criador,
que, em princípio, se justificava não pela adesão a modelos genéricos, mas pela
expressão livre de talento.” (p.658)
COMENTÁRIO:
A
formação da literatura brasileiradeu-se a partir do Romantismo e o Nacionalismo, pois
visavam uma maneira diferente de progresso nacional , que os neoclássicos tanto
neutralizavam, a parir dessa ideia
romancista introduzida especialmente por Magalhães, deu inicio a uma nova
conquista literária, mas ainda assim, a ruptura com Portugal, de fato não
aconteceu, segundo Cândido. Houve uma ruptura de cunho político, mas não
literária como tanto fez que ainda muito há de fazer.
TEXTTO IV- FORMAÇÃO DO CÃNON
LITERÁRIO
PARTE
VIII
“A
investigação biográfica/ “Além da iniciativa de elaborar um corpus pela
publicação de textos, a tarefa imediata rumo a história literária eram as
biografias, isto é, os conhecimentos dos indivíduos responsáveis pelos textos,
como exigia cada vez mais a nova crítica, adequada ao espírito romântico. A ela se atiraram muito ao brasil.” (p.665)
COMENTÁRIO:
O
que os românticos buscavam nessa nova fase de publicações de textos, o
desempenho dos escritores e principalmente a biografia quemuito constava, era a
nova realidade nacional, os conhecimentos dos escritores, e tudo isso
necessitam de agilidades certeiras, mas nem todos possuíam senso de sabedoria,
de rapidez, de conhecimento mesmo, para
ingressar nessa do espírito romântico de renovação e também de valorização
nacional. E a exaltação se fazia
presente em todas as publicações justamente para fazer valer essa de
“embelezamento de herói”não referente as biografias, mas também os conteúdos de
produções.
CRÍTICA VIVA
PARTE
IX
“Se
procurarmos uma crítica viva, empenhando a personalidade e revelando
preocupação literária mais exigente, só a encontraremos em alguns poucos
ensaios, artigos, prefácios, polemicas, na maioria incursões ocasionais de
escritores orientados por outros gêneros:Dutra e Mello, Junqueira Freire, Alvares de Azevedo, José de Alencar, Franklin
Távora , Francisco Otaviano, Bernardo Guimarães, Gonçalves Dias; no fim do
período, alguns artigos excelentes de Machado de Assis.” (p. 670)
COMENTÁRIO:
A
natureza crítica literária foi dotada de grande argumentos equivalentes a grande
necessidade de ajustamento e de reconhecimento de uma nação capaz de produzir e
formar a sua própria cultura. Nessa
passagem, vimos que essa preocupação literária se fazia presente a todo momento,
havia ali uma parceria forte entre os escritores, uma espécie de
complemento nas produções literárias, na qual tinha orientações por outros
gêneros, como foi citados na passagem selecionada.
[1]Resenha crítica
solicitada pelo docente Dr. Oton Magno Santana Dos Santos para obtenção de
crédito parcial da disciplina Cânones e Contextos na Literatura brasileira da
Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias
Campus XX – Brumado, em Julho de 2017.
[2]Graduanda do IV
Semestre do Curso de Letras Vernáculas da UNEB, DCHT Campus XX – Brumado, em
Julho de 2017.
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