RESENHA
DESCRITIVA SOBRE O ARTIGO
DA
FALA PARA A LEITURA:
análise variacionista dos autores Demerval da Hora e Maria de
Fátima S. Aquino
Joselene Souza
Pires[1]
RESUMO: A presente resenha descritiva é do artigo
publicado em 2012 sobre Leitura Dialetal dos autores Dermeval da Hora e Maria
de Fátima S. Aquino, vem trazendo o resultado das pesquisas e as análises dos
fenômenos variáveis observados, no caso, Ditongação, Monotongação, Apagamento
da Ocluisva ‘d’ do grupo NDO. Os autores vêm trazendo um panorama sobre os estudos
variacionistas e enfatizando sobre a importância do espaço que os estudos
sociolinguísticos têm ocupado no meio educacional e tem a finalidade de expor e
justificar as causas de como ocorrem às variações linguísticas e o porquê
dessas variações. Trazem, também, em suas abordagens fatos que demostram as
regras que estruturam tais variações. A sociolinguística estuda a variação
linguística presente em uma dada comunidade de fala, neste presente trabalho,
ressaltamos a importância do conhecimento da variação linguística existente na
nossa língua do dia- dia.
As análises
de processos variáveis voltados para a leitura, contemplando a variação
linguística na leitura oral de alunos da primeira fase do ensino fundamental.
Apontando a relação entre o que o aluno fala e o que o aluno lê, foram
analisadostrês processos de formas variantes na oralização do texto escrito e
sua interferência no processo de leitura oral.
METODOLOGIA
Os
dados apresentados no artigo Da fala para
a Leitura: uma análise variacionista são de uma pesquisa realizada em uma
escola pública no município de Guarabira-PB. O corpus da pesquisa é composto
por leitura de um texto realizada por 30 (trinta) alunos do 3º ao 5º ano do
ensino fundamental pertencentes à classe socioeconômica baixa e idade variando
entre 08 e 11 anos. Crianças em idade escolar compatível, em média, com o ano
cursado. Aos alunos, foi apresentado um texto e solicitada a leitura individual
em voz alta; antes de proceder à leitura para gravação, o aluno tinha um
primeiro contato com o texto. Segundo os pesquisadores,assim que ele
sinalizasse que estava pronto, tinha início a gravação da leitura em voz alta.
Como o procedimento metodológico guiou-se por uma concepção sociolinguística,
mesmo estando em uma situação de linguagem que exigia certo monitoramento da
fala, os alunos foram estimulados a fazerem uma leitura o mais natural
possível.
Os
autores Demerval da Hora e Maria de Fátima S. Aquino(2012) utilizaram o
procedimento da leitura gravada foi transcrita ortograficamente e, em seguida,
foi feita a codificação e quantificação dos dados para a análise. Foram estabelecidos
alguns fenômenos variáveis para serem analisados: monotongação, ditongação,
apagamento do ‘d’ no grupo – ndo, apagamento do rótico, rotacismo,
simplificaçãodo grupo consonantal etc. Apenas os três primeiros serão aalisados.
Em seguida, os dados codificados e quantificados foram submetidos ao tratamento
estatístico por meio do pacote de programa estatístico R (R DEVELOPMENT CORE
TEAM, 2007), para que pudesse ser obtida a frequência de ocorrência de cada
forma variante em cada ano pesquisado.
LEITURA DIALETAL
Os autores retratam sobre as primeiras
contribuições do estudo da variação para a educação, afirmando que os primeiros
estudos foram trazidas pelas pesquisas de Labov sobre o inglês dos negros nos
Estados Unidos. As pesquisas Laboviana trazem os resultados de uma visão da
época emque as crianças falantes dessa variedade do inglês apresentavam
deficiências de habilidades linguísticas. Tais estudos contribuíram para a
valorização dos dialetos falados pelos grupos minoritários. No campo da
leitura, ressalta-se a importante contribuição das pesquisas de Labov e Baker
(2001, 2003). Trazendo teóricos que trabalharam os processos de leitura oral
com crianças de classes minoritárias(afro-americanos, latinos e brancos) e mostram
como a língua da comunidade dessas crianças influencia a leitura oral. Segundo Hora(2012), os autores (Labov e Baker)
diferenciam os erros de leitura (decodificação errada da palavra) dos supostos
erros decorrentes da influência do dialeto do aluno. Eles defendem que os
perfis de erro de leitura de grupos étnicos são, de certo modo, previsíveis da
estrutura de suas línguas maternas e que métodos de leitura que levam em conta
as diferenças étnicas, sociais e econômicas, terão êxito, reduzindo a diferença
no aprendizado de leitura.
No Brasil, destacam-se as pesquisas de Bortoni-Ricardo (2004) em que
enfatiza o monitoramento da fala para a análise do português brasileiro no
ambiente escolar e em outros ambientes sociais. Bortoni-Ricardo (2005) denomina
de Sociolinguística Educacional todas as propostas e pesquisas que tenham por
objetivo contribuir para o aperfeiçoamento do processo educacional.
Trazem também as importantes contribuições
das pesquisas de Mollica (1998, 2003) com análise de formas variantes da fala e
sua possível influência na escrita de alunos da educação básica. No artigo
observado para a produção da presente resenha descritivafoi investigada a
influência de formas variantes da fala na leitura de alunos da primeira fase do
ensino fundamental.
CONCORDÂNCIA NOMINAL
A
concordância nominal é o acordo entre o nome (substantivo) e seus modificadores
(artigo, pronome, número, adjetivo) quanto ao gênero (masculino e feminino) e o
número (plural e singular).
“O
comportamento linguístico está permanentemente submetido a múltiplas e
co-ocorrentes fontes de influências relacionadas aos diferentes aspectos da
identidade social, tais como sexo, idade, inserção no sistema de produção e
pertencimento a grupo étnico, religioso, de vizinhança, etc. Quando falamos,
movemo-nos num espaço sociolinguístico multidimensional e usamos os recursos da
variação linguística para expressar essa ampla e complexa gama de identidades
distintas.” (BORTONI-RICARDO, 2005, p. 175-176).
MONOTONGAÇÂO
O
sistema ortográfico do português do Brasil, representado nas gramáticas
normativas e nos manuais de ensino da língua, reconhece como ditongo o encontro
de uma vogal e uma semivogal na mesma sílaba. Funcionam como semivogais o i e o
u, que são representados fonologicamente por /y/ e /w/. No entanto, nem todo
vocábulo que comporta um ditongo na escrita tem o mesmo comportamento na fala
espontânea. Assim, em vocábulos como faixa, feira, vários, que o sistema
ortográfico considera portadores de ditongo, na língua falada, esses mesmos
vocábulos podem comportar uma vogal simples, o monotongo, <faxa>,
<fera>, <varos>; já outros, como leite, jeito, pai, por exemplo,
não permitem oapagamento da semivogal. Contudo, essa particularidade do ditongo
quase não é discutida nas gramáticas normativas.
No
português do Brasil a monotongação tem sido abordada por vários estudiosos:
Bisol (1989, 1994), Paiva (1996a, 1996b), Silva (1997, 2004), Mollica (1998),
tanto na linguagem oral quanto na escrita.
No que se refere à linguagem falada, o uso variável da forma monotongada
é observada na fala de diversas comunidades brasileiras, fato verificado
através dos vários estudos de cunho variacionista em diversas regiões do País
(PAIVA, 1996a, 1996b; SILVA, 1997, 2004).
APAGAMENTO DA
OCLUSIVA‘d’ NO GRUPO - NDO
Os
autores Demerval da Hora e Maria de
Fátima S. Aquino (2012), mostram que os fenômeno em análise consiste no
resultado da assimilação do fonema /d/ pelo fonema /n/ em contextos como:
imaginando ~ imaginano, falando ~ falano, quando ~ quano, ou seja, há uma
assimilação do /d/ pelo /n/ para, em seguida, haver o apagamento do fonema
(-nd- > -nn- > -n-). Este processo de apagamento da oclusiva /d/ não é
exclusividade do português brasileiro; ele está presente também em outras
línguas (MARTINS, 2004).
Os
autores trazem pesquisas como referencias com o objetivo de observar a
influência da fala na escrita, Mollica (1998) analisou a assimilação da dental
em -ndo na escrita de alunos da 5ª à 8ª série. Os resultados mostraram que
fatores linguísticos e sociais, como a extensão do item lexical, escolaridade,
sexo relevantes para a assimilação do fenômeno na fala foram, também,
relevantes na escrita. A autora destaca que os ambientes favorecedores da
assimilação da dental são os de maior dificuldade para a aprendizagem da
escrita.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por
fim, os autores mostram em sua pesquisa DA
FALA PARA A LEITURA: análise
variacionista as análises dos dados: ditongação, monotongação e apagamento
do ‘d’ no grupo – ndo. Os resultados quantitativos apresentados mostram aspectos
interessantes dos fenômenos variáveis pesquisados.
Revelando
as porcentagens dos dados extraídos de cada fenômeno e embasando com outros
autores que também retratam os fenômenos variáveis da língua.
Segundo os autores, os resultados do artigo
descrito mostram uma realidade de sala de aula escassa de discussões e
conhecimentos no cenário acadêmico e educacional. O conhecimento, por parte do
professor, das formas variantes na leitura dos alunos e sua interferência no
processo de ensino/aprendizagem são muito importantes para o desenvolvimento da
competência comunicativa do aluno no ambiente escolar e fora dele. Trazem,
também, a importância dos estudos sociolinguísticos de base variacionistaque têm
contribuído de forma significativa ao trazer à tona variedades linguísticas
presentes em qualquer ambiente social, dentre eles, o escolar. O trabalho de
sala de aula que leva em consideração esses aspectos possibilita, ao aluno, a
compreensão das variadas formas de uso da língua.
Por ser uma realidade ativa os usos das
variedades linguísticas, também, ressaltamos a importância de poder trabalhar
essa realidade ainda pouco discutida e que temos muito a discutir.
Demerval da Hora e Maria de Fátima S. Aquino(2012)
trazem em seus artigos outros resultados
de pesquisas voltados para a variação linguística. Os dados apresentados relatamo
inicio das pesquisas, segundo os autores em questão, em 1993, foi iniciado o
Projeto Variação Linguística no Estado da Paraíba – VALPB, apoiado pelo CNPq,
tendo como principal objetivo traçar o perfil linguístico do falante paraibano,
considerando os aspectos fonológicos, gramaticais e textuais. A estratificação
social do projeto contemplou as seguintes restrições: sexo, anos de
escolarização e faixa etária. Ao todo, foram entrevistados 60 informantes, por
cerca de 45 a 60 minutos de gravação com cada um deles. Os dados, depois de
transcritos e armazenados eletronicamente e também editados sob forma impressa,
serviram de base para análises as mais variadas possíveis.
REFERÊNCIAS
BORTONI-
RICARDO, Stella Maris. Nós cheguemu na escola, e agora? Sociolinguística e educação – São
Paulo: Parábola Editorial, 2005.
Da fala
para a leitura: análise variacionista.
HORA, D.; AQUINO, M. F. From speech toreading:
variationanalysis. Alfa,
São Paulo, v.56, n.3, p.1089-1105, 2012.
[1] Resenha descritiva solicitada
pela Ma. Maria Aparecida de Souza
Guimarães para a disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso – Tcc no VIII
semestre do curso de Letras Vernáculas, Campus XX – Uneb – Brumado.
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