I-SARAMAGO,
José de Sousa. Ensaio sobre a Cegueira. São Paulo, Companhia das Letras, 1 Edição,
1995.
II- INFORMAÇÔES SOBRE O AUTOR
José de Sousa Saramago
nasceu na província portuguesa do Ribatejo em 1922 e mudou-se para as ilhas
canárias na Espanha, onde permaneceu ate o fim de sua vida, falecendo em 2010.
Foi escritor roteirista, jornalista, dramaturgo e poeta português galardoado com
o Nobel de Literatura em 1988, também ganhou o Prêmio Camões, o mais importante
prêmio literário da língua Portuguesa. Publicou o seu primeiro livro, o romance
“Terra do Pecado” em 1947, tendo estado depois sem publicar ate 1966. Entre os
livros de maior destaque estão o “Memorial do Convento” (1982) e “O Evangelho
Segundo Jesus Cristo” (1991). Foi diretor literário de editora, crítico na Seara Nova, autor de
comentários políticos no diário de Lisboa e diretor-
adjunto do Diário de Notícias
(1975). A partir de 1976,
dedicou-se exclusivamente à Literatura. Saramago foi considerado o responsável
pelo efetivo reconhecimento internacional da prosa em Língua Portuguesa.
III- EXPOSIÇÃO SINTÉTICA DO
CONTEÚDO DO TEXTO
Em o Ensaio sobre a Cegueira, Saramago pretende “abrir” os olhos da sociedade diante da
realidade existente. A cegueira de perceber o real, não pela falta do ver
propriamente dito, mas do olhar e enxergar o movimento da crise do real. Saramago traz na obra uma crítica a
sociedade, das relações humanas, a crítica da democracia, do individualismo,
dos alienados que na maioria das vezes é alienado por escolha, o sujeito que
vive alienado e também o abuso dos poderes públicos, a falta de compromisso dos
políticos para com a sociedade. Uma
cegueira que estende-se na política, na ética, na moral, das relações humanas
no contexto social do ser. A sociedade que veda os próprios olhos diante das
desgraças presentes na sociedade e ainda perguntam: Que país é esse? E ao mesmo tempo são sujeitos “cegos” por
falta do conhecimento do próprio lugar que se vive. A cegueira que Saramago
traz na obra representa a ignorância mental dos “inteligentes” e também dos “ignorantes”
vivem cegos, os inteligentes por que não fazem uso dos conhecimentos para uma
melhoria coletiva e sim, individual, o que acarreta o autoritarismo, a
dominação diante dos dominados. É uma obra que transita por vários ares e traz
indagações e reflexões principalmente de cunho político.
PARTE
I
“[...]
Estou cego”.
“Ninguém
o diria. Apreciados como neste momento é possível, apenas de relance, os olhos do homem
parecem sãos, a íris apresenta-se nítida, luminosa, a esclerótica branca,
compacta como porcelana. As pálpebras arregaladas, a pele crispada da cara, as
sobrancelhas de repente revoltas, tudo isso, qualquer o pode verificar, é que
se descompôs pela angústia. Num movimento rápido, o que estava a vista desapareceu atrás dos punhos fechados do
homem, como se ele quisesse reter no interior do cérebro a última imagem
recolhida, uma luz vermelha, redonda, num semáforo . Estou cego, estou cego,
repetia com desespero...”(p. 12)
“[...]
Mas a cegueira não é assim, disse o outro, a cegueira dizem que é negra. Pois
eu vejo tudo branco, Se calhar a mulherzinha tinha razão, pode ser coisa de
nervos, os nervos são o diabo, eu bem sei o que é uma desgraça, sim, uma
desgraça.” (p. 13)
COMENTÁRIO
Saramago
inicia o livro com a ideia explícita do que retrata o Ensaio sobre a Cegueira,
que não é uma cegueira que se pode ser curada por oftalmologista, pois não
representa a cegueira negra como é conhecida e sim, a cegueira branca, que uma
espécie de deficiência causada por problemas sociais e não físicos. Nesta obra Saramago enfatiza a questão do
olhar e não enxergar o que remete a realidade que o autor pretende abordar. Os
olhos estão sãos clinicamente, mas apresenta a cegueira branca, uma veda nos
olhos que incapacita o ser humano de enxergar o óbvio diante dos olhos. E
as desmandas sociais causadas por essa
falta de ‘’visão’’ dessa gente, e essa cegueira é ativamente a falta de
conhecimento que cerca a sociedade e que desencadeia uma série de problemas.
PARTE II
“Ao
oferecer-se ajuda para ajudar cego, o homem que depois roubou o carro não tinha
em mira, nesse momento preciso qualquer intenção malévola, muito pelo
contrário, o que ele fez foi obedecer àqueles sentimentos de generosidade e
altruísmo que são, como toda gente sabe, duas das melhores características do
gênero humano, podendo ser encontradas ate em criminosos bem mais empedernidos
do que este, simples ladrão zeca de automóveis sem esperança de avanço na carreira, explorados
pelos verdadeiros donos do negócio, que esses é que se vão aproveitando das
necessidades de quem é pobre. No fim das contas, estas ou as outras, não é assim
tão grande a diferença entre ajudar um
cego para depois o roubar e cuidar de
uma velhice caduca e tatebitate com os olhos postos na herança”. (p.25)
“A
consciência moral, que tantos insensatos tem ofendido e muitos renegados, é coisa que
existe e existiu sempre, não foi uma invenção dos filósofos do Quaternário,
quando a alma mal passava ainda de um projeto confuso. Com o andar dos tempos,
mais as atividades das convivências e das trocas genéticas, acabamos por meter
a consciência na cor do sangue e no sal das lágrimas, e, como se tanto fosse
pouco, fizemos dos olhos uma espécie de espelhos virados para dentro, com o resultado, muitas vezes, de
mostrarem eles sem reserva o que estávamos tratando de negar com a boca”. (p.
26)
COMENTÁRIO
Saramago
nessas passagens traz á tona a questão das relações humanas, da falta de
empatia e também de ética para com o próximo, faz uma crítica a maneira como os seres se relacionam de
maneira egoísta e individual,
capitalizando assim até as relações humanas de ajudar e ser ajudado. “fizemos dos
olhos uma espécie de espelhos virados para dentro” Saramago enfatiza a individualidade que causa
distanciamento das trocas interpessoais, das relações coletivas, do bem estar
social e individual, e isso remete não somente a falta de compromisso com o
outro, mas também dos seres que vivem alienados, do aproveitamento do poder que
tem não para ajudar, mas para usar, faturar mais e mais sobre aqueles que estão
dominando uma parcela de alienação muito grande.
PARTE III
“[...]
A cegueira não se pega, a morte também não se pega, e apesar disso todos
morremos”.
“[...]
Lembre-se que estou cego foi por ter observado um cego, não há a certeza, há
pelo menos uma boa presunção de causa e efeito”. (p.41)
COMENTÁRIO
Nessas
passagens, a cegueira que ‘’contagiou’’ toda a cidade a etiologia do mal-branco,
retrata uma sociedade alienada, uma boa parcela, uma maioria que apresenta
os mesmos sinais de uma cegueira branca que leva ao mesmo mal, uma espécie de
falta de compreensão do próprio ser que leva uma percepção de causa e efeito,
que não só de observar, mas de reparar e assim, ver, e nessa de ver, saber
posicionar-se de maneira a não se deixar contaminar ou contagiar por uma
sociedade que tem olhos, mas não veem.
PARTE IV
“O
governo lamenta ter sido forçado a exercer energicamente o que considera ser
seu direito e ser dever, proteger por meios as populações na crise que estamos
a atravessar, quando parece verificar-se algo de semelhante a um surto
epidérmico de cegueira, provisoriamente designado por mal-branco, e desejaria
poder contar com o civismo e a colaboração de todos os cidadãos para estancar a
propagação do contágio...”(p.49)
“[...]
Pensando que o isolamento em que agora se encontram representará, a cima de
quais quer outras considerações pessoais, um ato de solidariedade para com o
resto da comunidade nacional”. (p.50)
COMENTÁRIO
Saramago
aborda posicionamentos políticos diante da comunidade, das atitudes
governamentais decididas sem o consentimento ou uma observação mais solidaria
da própria sociedade, problemas que
agravam uma série de outras mazelas.
Usam o poder que tem, não para o bem comum, mas para manipular e
corromper a sociedade.
PARTE V
“[...]
Se antes de antes de cada ato nosso nos pudéssemos prever todas as consequências dele, e pensar
nelas a sério, primeiro as imediatas, depois as prováveis, depois as possíveis,
depois as imagináveis, não chegaríamos sequer a mover- nos de onde o primeiro
pensamento nos tivesse feito parar”. (p. 84)
COMENTÁRIO
Nesta
passagem, Saramago enfatiza lindamente a questão da reflexão em todos os
sentidos, especialmente as das nossas ações que é uma das causas e efeitos de
tudo, da lei do agir e esperar, e ainda nessa questão problematizadora do ser
humano que está escassa cada vez mais,
nos colocando diante do pensar acima de tudo, inclusive a de questões
sociais, políticas é um convite a reflexão.
PARTE VI
“[...]
Temos aqui um coronel que acha que a solução era ir matando os cegos á medida
que fossem aparecendo, mortos em vez de cegos não alteraria muito o quadro,
estar cego não é estar morto, sim, e que fazemos aos condutores dos autocarros,
metem-nos lá dentro.”(p. 111)
COMENTÁRIO
Aqui,
nessa passagem, relata a falta de empatia, de solidariedade e de humanidade
também em que, por conta da cegueira a ideia seria matar, como que se cegos
fossem inúteis e que a morte seria melhor que a cegueira. O abuso do poder
juntamente com a maldade, a crueldade estampada nas ações de todos os dias. E
que esse poder está justamente nas mãos dos “coronéis” o que pode ser uma das questões mais
evidentes da obra.
PARTE VII
“[...]
Se não somos capazes de vivermos inteiramente como pessoas, ao menos, façamos
tudo para não vivermos como animais, tantas vezes o repetiu que, o resto da camarata acabou por
transformar em máxima, em sentença, em doutrina, em regra de vida, aquelas
palavras, no fundo simples e elementares”. (p. 119)
“[...]
O medo lá fora é tal que não tarda que começam a matar pessoas quando
perceberem que elas cegaram, aqui, já liquidaram dez, disse uma voz de homem”. (p.120)
COMENTÁRIO
Novamente Saramago
aborda a falta de comprometimento, de amor com os nossos semelhantes e chama a
atenção dessa questão durante todo o decorrer do livro. E assim, faz uma
crítica a podridão das relações humanas.
PARTE VIII
“[...]
E tu, como queres tu que continue a olhar para estas misérias, tê-las
permanentemente diante dos olhos, e não mexer um dedo para ajudar, o que fazes
já é muito, que faço eu, se a minha maior preocupação é evitar que alguém se
aperceba de que vejo, alguns irão odiar-te por veres, não creias que a cegueira
nos tornou melhores, também não nos tornou piores, vamos a caminho disso, vê tu
só o que se passa quando chega a altura de distribuir a comida”. (p. 135)
COMENTÁRIO
O
médico e sua mulher nesse instante discute a
questão da preocupação mútua um para com o outro, ela porque pode
enxergar todas as mazelas existentes ali, ele por não poder ajuda-la e ao mesmo
tempo, preocupa-se com o bem dela, a carga que está sob toda sua
responsabilidade e também a empatia tanto dele
quanto dela em ter essa percepção das crises e maldades existentes ali.
E é essa empatia, esse cuidado que as pessoas estão precisando ter para ofertar
que Saramago aborda.
PARTE IX
“[...]
A mulher do médico tornou a contar os que dormiam lá dentro, com este são
vinte, ao menos levava dali uma informação certa, não tinha sido inútil a
excursão noturna, mas terá apenas para isto que vim para cá, perguntou a si mesma, e não quis
procurar a resposta.”(p.157)
“[...]
Lá dentro, na camarata, a cega que não conseguia dormir continuava sentada na
cama, á espera de que a fadiga do corpo fosse tal que acabasse render a resistência
obstinada da mente.” (p.158)
COMENTÁRIO
A mulher do médico por possuir o poder de
enxergar tudo ali com cautela, com ar de conhecer a realidade melhor do que os
que ali estavam cegos, era a cauda que os cegos estavam seguindo, todos sob seu
cuidado, observando as relações de “espertezas” que ali apresentavam entre as
camaratas da direita e da esquerda, e a mulher do médico representa uma minoria
na nossa sociedade, exercendo seu papel de cidadã diante do seu e do bem
coletivo com senso de justiça.
PARTE XI
“[...]
Pode-se portanto imaginar a revolta, a indignação, e também, doa a quem doer,
fatos são fatos, o medo das camaratas restantes, que se já se viam assaltadas
pelos necessitados, divididas, elas, entre os deveres clássicos da humana
solidariedade e a observação do velho e não menos clássicos preceito de que a
caridade bem entendida por nós próprios é que terá de começar”. (p.163)
“Passados
uma semana, os cegos malvados mandaram recado de que queriam mulheres. Assim,
simplesmente, tragam-nos mulheres”.
“[...]
a resposta foi curta e seca, se não nos trouxerem mulheres, não comem.
Humilhados, os emissários regressaram ás camaratas com a ordem, ou vão lá, ou
não nos dão de comer”. (p.165)
COMENTÁRIO
Nessa
passagem dá início a parte mais medonha do livro, onde as pessoas perdem a
própria sensibilidade pelo semelhante, o senso de animal selvagem falou mais
alto e todos tinham que arcar com as ordem impostas ali, e assim, nem diante
das situações precárias que todos estavam submetidos, a questão dos dominadores
e dos dominados entra nas ordens, e as mulheres teriam de pagar por isso a todo
custo. E necessidades por necessidades, todos ali necessitavam de alimentos, e
os alimentos que deveriam ser distribuídos igualmente para as camaratas, uma
das estavam comandando tudo, e assim, as questões morais, éticas e sócias que
dão um destaque especial nessa passagem.
PARTE XII
“[...]
Tinha sangue nas mãos e na roupa, e subitamente o corpo exausto avisou-a de que
estava velha, velha e assassina, pensou,
mas sabia que se fosse necessário, tornaria a matar, e quando é
necessário a matar, perguntou-se a si mesma enquanto ia andando na direção do
átrio, e a si mesma respondeu, quando está morto ainda é vivo”. (p.189)
COMENTÁRIO
Nas ultimas circunstâncias, a mulher do médico
usou o seu poder para dá um fim em um dos cegos que estavam chefiando todas
camaratas, e ainda assim, diante de toda situação a mulher ainda refletiu sobre
os seus atos de cometer um homicídio o que talvez não estavam nos seus planos.
Mas por vias das circunstancias cometeu o ato. O que nos coloca também diante
de uma reflexão interessante. Nessa passagem Saramago aborda a questão da ação,
da defesa diante de tais situações. A luta pelos seus deveres e direito de
justiça.
PARTE XIII
“Diz-se
a um cego, estás livre, abre-se- lhe a porta que o separava do mundo., vai,
estás livre, tornamos a dizer-lhe, e ele não vai, ficou ali parado no meio da
rua, ele e os outros estão assustados, não sabem para onde ir, é que não há
comparação entre viver num labirinto racional, como é, por definição, um
manicómio, e aventurar-se sem mão de guia sem trela de cão, num labirinto
dementado da cidade, onde a memória para nada servirá, pois apenas será capaz
de mostrar a imagem dos lugares e não os caminhos para lá chegar”. (p. 212)
COMENTÁRIO
Os
cegos conseguiram sair do lugar onde estavam enlatados onde se encontravam, e
depois todos que ali formaram um pequeno grupo, um a depender do outro e a
mulher do médico a comandar tudo. Mas por vias das circunstâncias, sair do
lugar encarcerados onde estavam, para alguns cegos não foram tatas vantagens
por conta da cegueira, nessa passagem, o autor enfatiza a questão do poder de
sair de uma situação de dominação do poder público, pois chegaram a conclusão
de que o pior já teriam passado e assim, ainda sob o comando de alguém em quem
poderia confiar, mas que o fato da cegueira nos torna alienados de alguma
maneira, mesmo que não percebam essa alienação camuflada.
PARTE XIV
“[...]
Eu continuo a ver, felizmente pra ti, felizmente para o eu marido, para mim,
para os outros, mas não sabes se continuarás a ver, no caso de vires a cegar
torna-te ás igual a nós...”(p.241)
“[...]
A responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam, não podes guiar
nem dar de comer a todos os cegos do mundo...”(p.241)
COMENTÁRIO
Saramago enfatiza a questão do querer e nem
sempre poder, pois estava demasiadamente complicado não somente para a mulher
do médico, mas também todos que ali estavam e queixavam-se em não poder quase
nada ou nada fazer para mudar aquela realidade.
PARTE XV
“[...]
Agora não, agora somos todos iguais perante o mal e o bem, por favor, não me
perguntem o que é o bem e o mal, sabíamo-lo de cada vez que tivemos de agir no
tempo em que a cegueira era uma exceção, o certo e o errado são apenas modos
diferentes de entender a nossa relação com os outros, não a que temos com nós
próprios...”. (p.262)
COMENTÁRIO
Saramago
nessa passagem dessa obra, traz a indagação e também a reflexão diante dos
acontecimentos de toda a situação, mostrando assim que somos seres dotados de
defeitos e também de qualidades, e que nem todos são como nós, nem todos os
nossos semelhantes agiria de boa ou má fé de acordo com as necessidades do
próximo, e o seu bem estar diante dessas ações consideradas importantes para o
desenvolvimento humano.
PARTE XVI
“[...]
Terás razão, talvez, mas a experiência dessa cegueira só nos trouxe morte e
miséria, os meus olhos, tal como o teu consultório, não serviram para nada,
graças aos teus olhos é que estamos vivos, disse a rapariga dos óculos escuros,
também os estaríamos se eu fosse cega, o mundo está cheios de cegos vivos...”(p.
282)
COMENTÁRIO
Enfatiza
nessa passagem a importância de poder enxergar não somente o óbvio, mas também
o poder de questionar a cegueira branca na nossa sociedade, como diz a
personagem: O mundo está cheio de cegos vivos, a cegueira é também uma espécie
de morte, a pior espécie de morte que o autor aborda nesse instante, é o de
continuarmos existindo, não vivendo, participando ativamente como cidadãos.
PARTE XVII
“[...]
Proclamavam-se ali, os princípios fundamentais dos grandes sistemas organizados...”
[...]
Aqui fala-se de organização, disse a mulher do medico ao marido, já reparei,
respondeu ele, e calou-se”. (p.295)
“[...]
O primeiro grito ainda foi o da incredulidade, mas com o segundo, e o terceiro,
e quantos mais, foi crescendo a evidência, Vejo, vejo, abraçou-se à mulher como
louco...”(p.306)
COMENTÁRIO
Durante
todo o percurso do livro, fica evidente as críticas e as reflexões das ações
humanitárias diante da sociedade, o abuso do poder público, as mazelas, as
desgraças, a falta de conhecimento dos próprios direitos da sociedade que levam a cegueira. Durante toda a leitura,
Saramago cutuca e crítica a democracia, a cegueira dos olhos voltados para si,
que incapacita o ser humano de ser ativamente bom diante das fraquezas próximo.